Um outono inusitado e as perspectivas climáticas para o inverno

O ano de 2024 tem sido marcado por anomalias climáticas significativas no Brasil, com um outono caracterizado por temperaturas mais altas que a média e chuvas recordes em algumas regiões.

Com a chegada do inverno, surgem novas expectativas e desafios, influenciados principalmente pelo fenômeno La Niña.

Neste post, detalhamos os principais eventos climáticos do outono e o que podemos esperar para o inverno de 2024.

Outono: um período atípico

O outono de 2024 foi excepcionalmente quente e chuvoso. Em várias regiões do Brasil, as temperaturas estiveram acima do normal, e algumas áreas, como o Rio Grande do Sul, enfrentaram chuvas intensas e enchentes devastadoras.

  • Temperaturas altas e seca no Sudeste e Centro-Oeste: No Sudeste e Centro-Oeste, o outono foi marcado por calor e tempo seco. Segundo o meteorologista Micael Cecchini, as temperaturas em São Paulo ficaram em média dois graus acima da média histórica dos últimos 30 anos. Em março, abril e maio, as temperaturas máximas registradas foram de 29,3°C, 29,9°C e 27,1°C, respectivamente. Essa situação foi exacerbada pelo fenômeno El Niño, que bloqueou a passagem de frentes frias, contribuindo para a manutenção do calor.
  • Chuvas intensas e enchentes no Sul: Enquanto o Sudeste e Centro-Oeste sofriam com a seca, o Sul do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, foi duramente atingido por chuvas excepcionais. A meteorologista Estael Sias do MetSul destacou que abril e maio foram meses de chuvas intensas, resultando em enchentes que deixaram milhares de desabrigados. A combinação de El Niño e o aquecimento dos oceanos foi identificada como a principal causa das chuvas extremas, que superaram as expectativas iniciais. A tragédia resultou em 173 mortes, 806 feridos e mais de 600 mil desabrigados.
  • Impacto das mudanças climáticas: Tanto Cecchini quanto Sias concordam que as mudanças climáticas estão intensificando e aumentando a frequência de eventos extremos. O aquecimento global tem tornado o planeta e os oceanos mais quentes, contribuindo para eventos climáticos mais severos e frequentes tanto no Brasil quanto em outros países.

Inverno: o que esperar?

O inverno de 2024 começa oficialmente em 20 de junho às 17h51, com previsão de influências significativas do fenômeno La Niña.

Transição para La Niña: Ao longo do inverno, o Oceano Pacífico passará de uma fase neutra para o fenômeno La Niña, com efeitos já perceptíveis a partir de julho. Durante a fase neutra, o resfriamento continuará ao longo da faixa equatorial do Pacífico, mesmo sem a configuração oficial do fenômeno, alguns efeitos já poderão ser percebidos na atmosfera a partir de julho.

Previsão por regiões:

  • Sul: Espera-se um inverno marcado por chuvas e frio intenso, com possibilidade de neve e geadas.
  • Sudeste: Alternância entre períodos de ar polar e ondas de calor, com uma tendência geral de temperaturas mais altas.
  • Centro-Oeste: Possibilidade de ondas de calor e geadas, com persistente risco de queimadas devido à seca.
  • Nordeste: Chuvas volumosas e calor acima da média devem predominar na região.
  • Norte: A estação terá altas temperaturas, mas também pode ocorrer friagem em algumas áreas.

Influência do Atlântico: No início da estação, o Atlântico tropical ainda estará aquecido, especialmente ao largo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Espírito Santo, mas esse aquecimento deve diminuir ao longo do inverno. O Atlântico subtropical deve se aquecer lentamente, especialmente nas áreas próximas à costa de Santa Catarina até o Rio de Janeiro, devido ao escoamento de ar quente do interior do país.

Conclusão

O outono de 2024 no Brasil foi caracterizado por eventos climáticos extremos, incluindo calor intenso no Sudeste e Centro-Oeste e chuvas devastadoras no Sul. Com a chegada do inverno, as previsões indicam uma transição para o fenômeno La Niña, trazendo novas dinâmicas climáticas para o país.

Enquanto algumas regiões enfrentarão frio e chuvas, outras continuarão a experimentar calor e seca. A influência contínua das mudanças climáticas exige que permaneçamos atentos e preparados para lidar com esses desafios.

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